Segundo a OMS, até o momento, o risco de saúde pública da variante Éris é baixo em nível global.
Após dois meses desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o fim da emergência sanitária da Covid-19 no mundo, uma nova sub-variante tem surgido como motivo de preocupação para as autoridades de saúde: a EG.5. Atualmente, mais de 50 países já detectaram casos da nova cepa, popularmente conhecida como Éris. Na última quinta-feira (17), o primeiro caso da sub-variante foi registrado no Brasil.
Segundo o informado pelo Ministério da Saúde, a paciente que contraiu a infecção é uma senhora de 71 anos, residente na cidade de São Paulo. Ela começou a apresentar sintomas no dia 30 de julho e foi submetida a cuidados médicos em um hospital particular, sendo autorizada a retornar para casa no dia seguinte. A paciente já havia completado o ciclo de vacinação.
A sub-variante Éris foi identificada pela primeira vez em fevereiro de 2023 e é derivada da Ômicron, atualmente o tipo mais comum de casos de Covid no mundo. Segundo a OMS, até o dia 7 de agosto, os números mais significativos de infecções causadas pela sub-variante Éris estão concentrados na China, com 2247 casos confirmados. Além disso, outros países como Estados Unidos (1356 casos), Coreia do Sul (1040), Japão (814), Canadá (392), Austrália (158), Cingapura (154), Reino Unido (150), França (119), Portugal (115) e Espanha (107) também relataram a presença da cepa.
Devemos entrar em alerta?
A OMS ainda observou que a EG.5 possui mutações que conferem maior capacidade de transmissão e de escape imunológico, tornando essa variante capaz de aumentar o número de casos mundialmente e se tornar a cepa predominante. Contudo, de acordo com a Organização, até o momento o risco de saúde pública da EG.5 é baixo em nível global.
Segundo o doutor em Ciências Médicas e consultor da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), Keny Colares, ainda é cedo para tirar conclusões definitivas sobre o comportamento da variante Éris.“É algo novo e as informações sobre os sintomas podem ser diferentes das que conhecemos. Não dá para afirmar que ela vai ser capaz de causar o aumento do número de casos, a sobrecarga assistencial, ou se vai causar da forma mais grave da doença, com um maior risco de óbito”, declarou o infectologista.
O especialista afirma que, pelo menos até o atual momento, não há motivo para maiores preocupações referentes à propagação do vírus. “Por enquanto, a doença está se comportando de uma forma relativamente estável no mundo todo. Alguns países tiveram um aumento no número de casos, mas [em relação ao auge da pandemia] há um menor número de óbitos”, pontuou.
Medidas preventivas
Keny Calores avalia, no entanto, que os cuidados de prevenção não devem ser minimizados. “A obrigatoriedade do uso de máscara não está mais vigente, com exceção de alguns ambientes, como o hospitalar e assistencial. Mas o uso de máscara continua sendo uma recomendação a ser utilizada de uma forma voluntária em locais de aglomeração. Em especial em situações de risco: pessoas idosas ou doentes do pulmão, coração, etc.”, comenta o doutor.
O especialista ainda ressalta a importância de um esquema vacinal completo, incluindo a dose mais recente da vacina Bivalente. A vacina contra a Covid-19 está disponível para toda a população acima de 6 meses de idade.
“A gente teve uma boa vacinação básica, mas que foi decaindo muito quando começamos a fase dos reforços. À medida que as pessoas foram percebendo que a doença estava tendo menor gravidade, começaram a negligenciar as outras doses. Agora, mesmo que a doença esteja numa situação muito mais tranquila do que há dois anos atrás, ainda vale a pena manter o esquema de vacinação em dia, já que o vírus está mudando e ele pode voltar a crescer”, conclui Keny Colares.