Em janeiro, o manequim, usando uniforme com o mesmo número do atleta brasileiro, foi pendurado sob ponte em frente ao campo de treinamento do Real Madrid.
Quatro pessoas foram presas, nesta terça-feira (23), pela polícia espanhola suspeitas de envolvimento no episódio em que um manequim representando o jogador brasileiro Vinícius Jr., do Real Madrid, foi pendurado enforcado sob uma ponte na capital da Espanha, em janeiro deste ano.
Uma investigação sobre o crime de ódio foi aberta após o boneco usando um uniforme do time com o número 20, mesmo utilizado pelo atleta, ser pendurado em frente ao campo de treinamento da equipe. Na ocasião, uma faixa com a frase “Madri odeia o Real” foi disposta ao lado do objeto.
Segundo a polícia, os detidos são espanhóis e têm 19, 21, 23 e 24 anos. Três deles são integrantes da Frente Atlética, torcida organizada do time Atlético de Madrid, um dos principais rivais do Real. Conforme informações das autoridades locais, uma das quatro pessoas possui passagem por crime de lesão corporal.
INSULTOS E EXPULSÃO
No último domingo, Vini Jr. foi vítima, mais uma vez, de insultos racistas nos estádios. Na ocasião, durante a derrota do Real Madrid para o Valencia por 1 a 0, parte da torcida começou a chamar o atacante de “macaco”. O jogo foi paralisado por oito minutos e o jogador acabou expulso após se envolver em confusão.
No episódio em questão, o brasileiro identificou um dos torcedores visitantes que o insultava chamando-o de “macaco”. O atleta se aproximou do indivíduo, apontou para ele e ainda chegou a chamar o árbitro para se dirigir até o local, mas sem êxito. O duelo foi, imediatamente, parado e o sistema de som do estádio informou que a partida só seria retomada quando os gritos parassem.
Após oito minutos de paralisação, Vini informou estar bem para voltar e o jogo foi retomado com a presença da polícia no local das ofensas. Porém, o ambiente voltou a ficar hostil nos acréscimos, quando o atacante se envolveu em uma confusão com o goleiro do Valencia, Giorgi Mamardashvili.
O brasileiro foi contido por Hugo Duro, jogador do Valencia, e ao tentar sair do gesto conhecido como “mata leão”, acertou o rosto do atacante do time rival. Porém, após a confusão, apenas Vinícius foi punido e levou cartão vermelho. Saindo do campo, ele virou para a torcida do Valencia e fez o gesto de dois com a mão, associando à 2ª divisão da La Liga, já que a equipe espanhola briga para não cair.
Após a partida, o jogador se pronunciou em suas redes sociais e demonstrou toda sua insatisfação com o Campeonato Espanhol.
“Não é futebol, é La Liga (liga de futebol da Espanha)”, escreveu o jogador.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui. Escreveu o jogador.
Vini Jr. ainda chegou a fazer uma publicação em seus stories no Instagram com a imagem do “mata leão” que levou e questionou quem não viu a cena, se a arbitragem ou o VAR.
Além dele, diversos outros jogadores se pronunciaram e repudiaram, nas redes sociais, mais um episódio de racismo contra o atacante brasileiro.